Toreador

Não é difícil perceber a razão pela qual se insere, aqui, uma das mais famosas árias do panorama operático --- https://www.youtube.com/watch?v=fOxDzDyLEMQ

domingo, 18 de março de 2012

UMA TÉCNICA SEM TÉCNICA


Uma Juíza de Direito, que foge a todos os padrões do que se reputa ética e psicologicamente normal, deve sentir bem o amargor de não ter conseguido a minha prisão. Em vez disso, acabei por ir prestar trabalho a favor da comunidade numa instituição de solidariedade social de direito privado, porque me recusei a fazê-lo em organismos públicos, uma vez que esbulhado pelo Estado já fui o suficiente.

Conforme eu esperava, a experiência tem sido enriquecedora. O trabalho é levado a cabo numa quinta, o que me tem proporcionado travar conhecimento com realidades que sempre ambicionei tratar de perto. E há sobretudo o lado humano: é um grupo heterogéneo, aspecto que o torna particularmente interessante.

Sente-se que todos têm o seu drama pessoal; alguns espontaneamente abriram-se comigo e fizeram-me confidências; não outros, e obviamente também nada lhes perguntei, embora seja visível que guardam uma história de vida para contar.

Num ambiente, ao mesmo tempo delicado e apaixonante, onde vão cair pessoas das mais diversas origens e por causas bem distintas, tem esta instituição ao seu serviço uma mulher de grande riqueza interior e que sabe repartir e orientar as tarefas que cada um tem a desempenhar.
 
Mas a técnica da DGRS que me calhou na rifa, dona do processo que será enviado a Tribunal com notícia do meu comportamento, é a negação do que exige a sua função. Com efeito, esta técnica carece da mais elementar estrutura psicológica para o exercício de cargo rodeado de tanto melindre. Muito provavelmente, achou-se aqui como quem se refugia numa fortaleza para se proteger dos ressentimentos que a sorte lhe atirou para cima.

É baixa a sua extracção social. Isto que, in se, nada tem de censurável, assenhoreou-se dela e marcou-a profundamente. Em lugar de aprender a subir --- o que só seria louvável --- deu-lhe para o que sucede na maioria destes casos: procurou a rasoira da igualdade na escala zero, que foi aquela onde nasceu, a que se habituou e de que nunca conseguiu afastar-se.

Definidos estes pontos, sinceramente não descortino como pode alguém receber lições de ressocialização da parte de uma personagem, à qual falta a mais pequena ponta de fineza. E, por fineza, pretendo aludir à fineza de espírito e não que esta técnica de reinserção social revele boas maneiras. Isso caía bem, mas seria exigir demasiado. De resto, convém não confundir boas maneiras com boa educação. A boa educação, que nem sempre tem a ver com o acaso do nascimento, é bastante mais importante, e é principamente a falta desta que reprovo naquela técnica.

Concluindo, declaro não reconhecer idoneidade à técnica, aqui visada, para ressocializar seja quem for, o que automaticamente me coloca fora da sua catequese.



Joaquim Maria Cymbron



Obs.: A técnica aqui referida chama-se Maria Belarmina N. Xavier. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

UMA DECEPÇÃO


Há muito que defendo as forças de segurança deste tão desgraçado país. Fi-lo sempre com intensidade e cheio de convicção: considero que os seus elementos têm vocação de mártires.

Movem-se num apertado círculo de sacrifício e incompreensão: o que a sua missão importa em sacrifício é tão visível que nem adianta demonstrá-lo, porque quem não for capaz de o reconhecer também não aceitará a prova do que sustento; e pior que a hostilidade, que tantas vezes as atinge, é serem ignoradas. Por isso, repito que sofrem o duplo aperto de um duríssimo aro de ferro.

Infelizmente, há sempre quem destoa. Desta vez, ao contrário do que é meu hábito, não identifico quem censuro, porque o seu comportamento ocorreu num processo penal que ainda está no começo. E apesar de já não existir segredo de justiça fora dos casos concretamente decretados por juiz de instrução, a verdade é que eu tenho as minhas regras e não me parece curial revelar mais dados do que os que aqui deixo.

Limito-me, pois, a dizer que é autora do comportamento por mim reprovado uma inspectora da Polícia Judiciária. O facto por ela praticado --- um pretenso relatório da investigação que levou a cabo a brigada de que faz parte --- excede os limites do concebível.

Graças a Deus, a senhora inspectora há-de depor em julgamento. Logo aí deve surgir mais para contar, em princípio acompanhado já da respectiva fundamentação. Virá depois a sentença até que se forme caso julgado. Então se saberá o que faltar!



Joaquim Maria Cymbron