Contrariamente ao meu costume, não acrescento outros sinais de identificação. Quem aqui é visado sente perfeitamente que é o destinatário das palavras que seguem.
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Até à data, de toda a falange que empesta aquela comarca, foi o mais
nefasto para mim: pior que isso, é inegavelmente o mais perigoso da horda, na sua categoria. As razões do
que afirmo estão no que parece ser um amplo e apreciável conhecimento da
ciência jurídica, servido por belíssima capacidade intelectual.
Porque hão-de estes dotes
fazer dele o mais perigoso de uma horda
que, já antes do seu aparecimento em cena, dizimava como é prática de todas as
hordas? Não é difícil a resposta: se ele fosse mediano poderia, quando muito,
incomodar quem tivesse a desgraça de o sofrer; sendo, como é, de craveira
superior, o caso muda de figura para todos aqueles que estiverem ao alcance da sua índole perversa.
Teve, por certo, educação
primorosa e muito completa. Cresceu num ambiente requintado. E as suas relações
particulares, essas cultiva-as nas mais elevadas classes da sociedade civil.
Não esconde um certo orgulho que isso lhe traz. Nenhum mal se encontra aí, se
não fora que o sangue nem sempre transmite o que leva de bom, e frequentemente
deixa, como legado, o pior que tem.
Sonha sentar-se num projectado tribunal superior a instalar nas paragens onde agora se encontra. Tem vontade de colher uma velha herança de família. Enquanto ficar pelo sonho, podemos dormir descansados. Mau é se acordamos e damos com ele por lá.
Das teias, em que está
preso, não consegue evadir-se. E ele, como outros, esquecem que, nesses escuros
conventículos, nem tudo é tão secreto como imaginam. Por vezes, o Diabo é como o gato escondido com rabo
de fora!
Joaquim Maria Cymbron