Os
versos, que seguem, são dedicados à M.ma Juíza exercendo funções
no Tribunal Judicial da Ribeira Grande (2.º Juízo), em
agradecimento à possível prisão que virei a sofrer, consequência
da sua sanha persecutória. Estou-lhe grato por me dar oportunidade
de passar algum tempo vivendo dos dinheiros públicos, o que faço de
consciência absolutamente tranquila, porque desde há muito vem
o Estado locupletando-se à minha custa em sucessivos esbulhos!
O
Mostrengo, que está no meio do mar,
Não
chega a voar na noite de breu.
O
Mostrengo, perdido numas ilhas de bruma,
De
feio que é, cobre-se com a noite.
Não
voa, não sabe mais que chiar,
Assim
é a língua de quem é Mostrengo.
Desesperado
procura, e não consegue,
Levar
o medo onde a sua sombra toca.
Atónito,
pergunta: «Que ousadia é esta
De
pôr em causa o meu chiar?
Quem
é aquele vulto que não me teme
E
levanta a bandeira da reacção?»
Na
sua estatura imunda e grossa,
O
Mostrengo esqueceu que não basta chiar.
É
preciso razão, não pode faltar
Para que haja Direito no que se faz!
Para que haja Direito no que se faz!
Joaquim
Maria Cymbron