- Só agora vi o comentário de Zeka Bumba ao que escrevi sobre Baltasar Garzón.
- Zeka Bumba tem-se apresentado como Juiz de Direito.
- Não cuido do mérito ou demérito do conteúdo do seu comentário.
- Limito-me a dizer (eu, que tão crítico sou dos maus magistrados), fico-me, repito, por deixar aqui exarado o seguinte:
- Não compreendo, nem me parece que algum dia venha a compreender, como é possível um Juiz de Direito descer à praça pública a discutir seja o que for.
- Um Juiz de Direito, como eu o vejo, é titular de um órgão do poder político, precisamente aquele que constitui a jóia da soberania, tão estimado que os próprios Reis nunca abriram mão dele por completo, reservando sempre para si o direito de clemência.
- Entrando em debates com o vulgo, o mínimo que lhe pode acontecer é vulgarizar-se.
- Mas os juízes, como homens que são, não têm direitos iguais aos demais cidadãos?
- Na pureza do seu enunciado abstracto, é evidente que sim, mas alguns desses direitos só os podem gozar com muita prudência.
- Quem, um dia, voluntariamente escolheu a grandeza desta profissão (que, a ser exercida com nobreza, é uma das mais duras servidões a que um ser humano se pode sujeitar) também livremente renunciou a alguns direitos, pelo menos, na sua total extensão.
- O Juiz de Direito é o sacerdote que perscruta os arcanos da lei e profere o respectivo oráculo.
- Se deixa de aparecer como uma figura hierática, perde prestígio e, sem ele, esfuma-se o seu poder.
- Talvez por pensar assim, sejam frequentes e acesas as minhas fricções com certos magistrados.
- E certamente por isto, digo ao meu opositor que pode acumular os comentários que quiser que nenhuma resposta minha há-de receber.
- Ele ou qualquer outro Juiz de Direito!
Joaquim Maria Cymbron
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