Toreador

Não é difícil perceber a razão pela qual se insere, aqui, uma das mais famosas árias do panorama operático --- https://www.youtube.com/watch?v=fOxDzDyLEMQ

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O CHICO DA LIXEIRA

                                 
P. n.º (...)
Instância (...) 

M.mo Juiz de Direito

JOAQUIM MARIA BOTELHO DE SOUSA CYMBRON, com os demais sinais dos autos, à margem referidos,

VEM EXPOR:

1.A sentença contida no despacho saneador proferido por V. Ex.ª 1 não é uma aberração nem um aborto.

2.Sê-lo-ia, se V. Ex.ª fosse um Magistrado apto e probo.

3.Mas como não tem competência nem integridade, a referida sentença está para V. Ex.ª como qualquer estátua para o escultor que a modela: situa-se à dimensão de quem a lavrou!

4.Ela é a expressão do mais vazio e desolador nada!

5.Embora nada valha, consegue no entanto ser criminosa!

6.Imagine-se: o nada é nada e, por conseguinte, não tem bondade nem maldade.

7.Contudo, um nada que é criminoso torna-se um paradoxo tal que só em V. Ex.ª ele é possível.

8.V. Ex.ª é isto mesmo: um paradoxo lamentável!     

9. Nela verifico que se acha V. Ex.ª no meio dos «funcionários nacionais de outros Estados membros da União Europeia (…)», dos quais a nossa lei trata para efeitos de apurar o conceito de funcionário (CP art. 386.º, n.º 3, al. b). O negrito é meu.

10.Eu já desconfiava que V. Ex.ª podia não ter procedência nacional.

11.E, nessa categoria, é V. Ex.ª um desnaturado que se acha aí, nesse  núcleo onde passaram e ainda se arrastam outros da mesma estofa intelectual e moral.

12.De estofa ou de falta dela!

13.É, portanto, como degenerado que V. Ex.ª se confessa, ao atribuir a si  mesmo qualidade prevista no preceito penal que foi parcialmente transcrito (supra 9)2.

14.V. Ex.ª está, então, como um dos muitos que por aí vagueiam, meio desorientados ou perdidos de todo, que se ufanam de ser europeus com qualquer nacionalidade (fora a portuguesa), de preferência a que os tomem pelo Tónio da Rita, o Quim da Júlia ou o Chico da Lixeira. 

15.Isso é fauna, cujo habitat está na Mouraria, em Alfama ou na Madragoa.

16.Arreda! V. Ex.ª é um migrante de luxo!

17.Convenhamos que só convencionalmente (passe a redundância).

18.A ciência, de que V. Ex.ª devia ser oráculo, sai muito maltratada.

19.Por desconhecimento? Devido a erros repetidos? Ou com malícia?

20.Não sei. O certo é que temos um resultado confrangedor!

21.V. Ex.ª mais parece advogado que Juiz de Direito!

22.Como advogado, é daqueles que julgam tolos os seus opositores.

23.E nos quais a argúcia não chega para escamotear a ignorância, nuns  casos; a maldade, noutros; e, muitas vezes, bem juntinhas estas duas coisas.

24.De qualquer maneira, é V. Ex.ª um magistrado judicial.

25.Ao menos institucionalmente, tem essa dignidade.

26.Eu, porém, reconheço-lhe mais outra:

27.V. Ex.ª é um dançarino: baila ao som da música que o Conde3 toca!

28.Pelo que, direi ainda o seguinte:

29.V. Ex.ª, à mistura com mais alguns Magistrados que passaram por esse núcleo (e não só), constitui tristemente um grupo abominável.

30.Não sois vis, não sois baixos, não sois infames porque sois como os brutos que não sabem o que é a moral.

31.Por isso, o lugar de V. Ex.ª e desses seus Colegas não é nos Tribunais.

32.Deveis procurar a selva!

33.É sensato dar-vos este destino?

34.Talvez não, porque os animais que ali habitam são ferozes, mas seguem apenas o instinto com que a Natureza os dotou.

35.Ficariam a perder no convívio, porque vós sois a emanação do Inferno, sois Demónios encarnados!

36.Largai, pois, os Tribunais; fechai os olhos à selva, onde não cabeis; e ide de passeio à Praia do Meco, aprender como há mais virtude em se despojar uma pessoa da sua roupa do que aparecer revestido de um traje honroso, mas que anda manchado pelas nódoas que, com imensa torpeza, lhe deitam em cima aqueles que o envergam --- falando claro, vós, Senhores Magistrados!

37.Do resto se cuidará nos sucessivos trâmites de algum processo que, em seguida à sua instauração, prossiga até final, o que eu duvido que aconteça! 

Joaquim Maria Cymbron
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  1. O faia, autor deste miserável despacho saneador, é o torcionário, do qual já dei notícia neste blogue.
  2. Informo quem me lê que, onde presentemente está 9, por lapso estava 4. Antes, eu costumava pôr um grande cuidado na revisão final de quanto escrevia. Nos dias que correm, já não o faço. Como todo o efeito, também este erro tem uma causa, mas eu não digo qual é: chamem a PJ para ela descobrir onde está o gato. Vá! Ela pouco tem que fazer. Ocupem-na nessas investigações de capital importância e de suma transcendência. Por mim, nem me dou ao trabalho de corrigir o original enviado ao principal destinatário: ele não merece tanto esforço. 
  3. Refiro-me a um advogado dessa praça, de nome Carlos Eduardo da Silva Melo Bento, também conhecido como Conde de Benavente, título ao qual aspirava, há muito, e com que foi recentemente agraciado em Espanha. Se isto não chega para o identificar, acrescente-se que é pessoa amoral e de um passado sodomita, notoriamente conhecido pelos da sua geração!

JMC

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